domingo, 5 de agosto de 2012

Orgulho, Valores Desgastados e Vícios Curados


Eu tenho orgulho. Orgulho da minha força e persistência. Mas, também tenho vergonha. Vergonha do mau uso que fiz de qualidades tão potentes e abundantes em mim. Persisti com força e muito bem, por muito tempo, mas na coisa errada. Cheguei a um nível, aonde mesmo sabendo que o que eu mais queria não iria dar certo, eu me dividi em dois para conseguir me conformar e continuar persistindo, ao mesmo tempo. Eu estou admirado comigo mesmo. Admirado com a capacidade que eu tive de, mesmo sendo um, trabalhar por dois. Um dos motivos pelo qual não estou derrubado é esse. O orgulho que ainda tenho sobre eu mesmo. Agora eu acredito naquela teoria de que se tiram o orgulho de um homem, não lhe resta mais nada. Enquanto houver orgulho, não importa o quanto demore, eu vou saber optar pela coisa certa. Como agora. Estou envenenado há tempos. Por um veneno, é claro. Porém, um veneno que eu amo. Não me consigo ver longe dele. Não, não me refiro a nenhuma droga ilícita. Aliás, de certa forma, não deixa de ser uma droga, pois vicia de forma párea. Infelizmente, revelo que minha droga é uma pessoa. Uma pessoa que não deve ter notado tamanho esforço que tive para manter-me perto sem recaídas, sem desrespeitos, sem pressões pessoais. Porque, se notou, é uma pessoa inválida emocionalmente (e ainda não conheci uma dessas). Envenenado por um veneno, cujo conheço o antídoto. Este, até agora não quis usar. Medo. Vícios não se desfazem da noite pro dia. O tempo, com certeza, mais uma vez atuou e muito bem na minha vida. Foi o meu tratamento, a minha preparação. E agora, finalmente, estou preparado para me curar de um veneno, de um vício que vem me fazendo mal há mais de meses, que vem me travando numa mesma escala de dor, quando não maior, por um grande grupo de noites. Eu precisei ver o mesmo veneno fazer efeito em outra pessoa, para ter um início de noção do que esse vício estava causando em mim, sem que eu notasse, pois eu não queria notar. Na verdade, não quis notar e, se tivesse um pouco mais de persistência, não teria notado. Mas todo mundo cansa. Qualidades não acabam e por isso o orgulho permanece. Não acabam, pois são valores. E aprendi com a vida que esses valores, quando usados em excesso, enfraquecem por momentos. Esse momento de fadiga do meu valor de ser tão persistente teve tempo o suficiente para que eu abrisse os olhos, sentisse no fundo do meu coração a dor de estar lutando com toda a força por algo que definitivamente, deixou de valer à pena quando ultrapassou a linha de início. Porque dizer que nunca valeu à pena, é mentira.  Agora acordado, de duas partes já conformado, sem persistência, porém com o que restou da força, além de dizer posso agir. Estou me curando do vício venenoso que eu quis ter. E um dia, irei curar a vontade dele. Um dia quando minha persistência se restabelecer, quando minha força se restaurar e quando eu passar por mais alguns sofrimentos, pequenos que sejam, mas que me proporcionem um pouco de maturidade para adicionar ao que já foi acumulado. Eu tenho orgulho. Orgulho da minha coragem de finalmente se desfazer de uma dor tão querida por eu mesmo.